A “Poderosa Chefona”. "La Madrina". A “Viúva Negra”... Os vários codinomes e apelidos deGriselda Blanco demonstram anotoriedade que ela ganhou aoliderar um império detráfico de drogas de bilhões de dólares, encharcado de sangue e que se estendia daColômbia aos Estados Unidos.
Avida de Blanco tem tantas facetas que sua história virou tema de documentário e até série de ficção, e obscureceu a linha entreo fato e a ficção enquanto ela abria caminho para umaposição de poder em um mundo violento. Então, quem eraa verdadeira mulher por trás do mito?
A ascensão de Griselda Blanco e o casamento com Carlos Trujillo
Griselda Blanco nasceu na Colômbia em 15 de fevereiro de 1943. Sua terra natal logo seria dilacerada pela “La Violencia”, umperíodo de violência e agitaçãoem massa que começou em 9 de abril de 1948, quando o popular político Jorge Eliécer Gaitán foi assassinado nas ruas deBogotá. Quando “La Violencia” terminou, uma década depois,200 mil pessoas tinham sido mortas.
Um carro diplomático foi derrubado e queimado nos tumultos e saques de 9 de abril de 1948, em Bogotá, Colômbia.
Foto de William J. Smith, AP Photo
Parte da destruição que abalou Bogotá é mostrada em 15 de abril de 1948, após o assassinato do líder populista Jorge Eliécer Gaitán em 9 de abril.
Foto de William J. Smith, AP Photo
Blanco atingiu a maioridade nessecenário deviolência. Como a historiadora Elaine Carey apontou no livro “Women Drug Traffickers”,Blancoe suas contemporâneas aprenderam que "o poder frequentemente vinha por meio de atos violentos".
Tendo crescido na pobreza emMedellín, Blanco inicialmente não tinha muito poder. Elacomeçou no mundo do crime aos 11 anos de idade, quando supostamente sequestrou um menino local eo assassinoudepois que a tentativa de resgate não deu certo. Nos anos seguintes, ela acrescentou ao seu currículo oroubo de carteiras e a falsificação de dinheiro.
Blanco conheceu e acabouse casando comCarlos Trujillo, que ganhava a vidafalsificando documentos e traficando pessoas. O casamentogerou três filhos, mas acabou em divórcio. E, em meados dadécada de 1970,Trujillo foi morto. Alguns dizem que Trujillo morreu por problemas de saúde; outros afirmam que Blanco estava realmentepor trás de sua morte.
Fazendo do ouro branco um negócio de família
O “boom” das discotecas na década de 1970 gerou um mercado crescente dedrogas ilícitas, comoa cocaína. Em meados da década, aColômbia emergiu como ocentro do comércio de cocaína, o que trouxe oportunidades para uma riqueza impressionante – e perigo.
Juntamente comAlberto Bravo, um contrabandista de drogas esegundo marido de Blanco, eles construíram umimpério de cocaínacom sede emNova York. Eles contavam com contrabandistas que usavamroupas íntimas especialmente projetadas paraesconder as drogas para passar pelas fronteiras internacionais.
À medida que o império crescia,o relacionamento de Blanco com Bravo se deteriorava. Embora os detalhes do que aconteceu exatamente permaneçam controversos,Bravo foi morto em 1975. Mais tarde, Blanco alegou queela mesma o matou com um tiro na boca.
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Griselda Blanco é retratada em uma cena do documentário Cocaine Cowboys, de 2006.
Foto de Magnolia Pictures, ZUMA Press
Michael Corleone – quarto filho de Griselda Blanco
A morte de Bravo consolidou a imagem deGriselda Blanco como a "Viúva Negra", uma mulher que se livrava de seus maridos matando-os. Em seu auge,a rede de Blanco vendia cocaína no valor de80 milhões de dólares por mês. Seus maiores mercados incluíamNova York,Miami eLos Angeles.
Oimpério de cocaína de Blanco lhe rendeu o apelido de "La Madrina", ou “A Poderosa Chefona”, como uma resposta da Colômbia ao personagem Vito Corleone da trilogia do cinema “O Poderoso Chefão”. Blanco pareciase inclinar para a mitologia dos filmes. Depois de dar à luz seuquarto e último filho em 1978, ela obatizou de Michael Corleone em homenagem ao personagem central do filme.
O reinado de terror de Griselda Blanco em Miami
A violência foi a base sobre a qual Blanco construiu e manteve seu império. Era o óleo que mantinha o motor de sua rede funcionando – e transformouMiami (naFlórida) em um campo de batalha na guerra das drogas.
Um dosataques mais públicos e famosos aconteceu em 11 de julho de 1979. Dois homens, provavelmente a mando de Griselda Blanco,mataram a tiros um traficante de cocaína e seu guarda-costas em uma loja de bebidas no Dadeland Mall, ummovimentado shopping de Miami.
A polícia diz que dois homens em um furgão pintado com os dizeres "Happy Time Complete Party Supply" eram os executores de Griselda Blanco. Eles atiraram e mataram um traficante rival e seu guarda-costas dentro da Crown Liquors em 11 de julho de 1979.
Foto de David Poller, ZUMA Wire
Em outro incidente emMiami, Blanco ordenou oassassinato de seu sócio Jesus Castro, que supostamente havia chutado um de seus filhos. Mas quando seus assassinos tentaram fazer o trabalho em 1982,mataram por engano o filho de Castro, Johnny, de dois anos de idade.
De acordo com Jorge Ayala, um de seus assassinos,Griselda Blanco recebeu bem o erro. "No início, ela ficou muito brava porque perdemos o pai. Mas quando soube que tínhamos pego o filho por acidente, disse que estava feliz, que elesestavam quites."
O tiroteio em plena luz do dia noDadeland Mall é amplamente visto como o início da "Guerra da Cocaína" no sul da Flórida.
Foto de David Poller, ZUMA Wire
Os filhos de Blanco testemunharam a violência em primeira mão. Em 1983, ela provavelmenteordenoua morte de seu terceiro marido,Dario Sepulveda. Ele foi morto na frente de Michael Corleone, seu filho de cinco anos, na Colômbia.
No total, as autoridades suspeitavam doenvolvimento de Griselda Blanco em nada menos que40 assassinatos só nos Estados Unidos.
A queda de Griselda Blanco
Griselda Blanco conseguiu ficarum passo à frente da lei– pelo menospor um tempo. A Administração deCombate às Drogas dos Estados Unidos trabalhou com informantes para localizá-la e criar um caso contra ela.
As autoridadesa prenderam em Irvine,Califórnia, em 17 de fevereiro de1985, e o julgamento resultante a condenou a15 anos de prisão. Nove anos depois, surgiram mais acusações, dessa vez pelos assassinatos de Johnny Castro e dos traficantes de drogas Alfredo e Grizel Lorenzo.
Blanco foideportada para a Colômbia em 2004e viveu tranquilamente em El Poblado,o bairro mais rico de Medellín, por oito anos.
Em3 de setembro de 2012,Griselda Blanco, com então 69 anos, estava saindo de um açougue emMedellín. De repente,dois tiros soaram – eles vieram da arma de assassinos em uma motocicleta, que rapidamente fugiram do local.Blanco caiu imediatamente. A mulher que havia traçado umcaminho sangrento para fugir da pobreza das ruas de Medellín acabou morrendo nelas.